Jornalistas falam da primeira revista brasileira que trata exclusivamente de clássicos do videogame
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Desde maio que eu espero pelo lançamento da Old!Gamer (O!G), cujo projeto editorial é ousado, inédito. Afinal é a primeira publicação (brasileira) que foca exclusivamente clássicos dos videogames. Sim, tanto que a edição de estréia traz entrevistas inéditas com David Crane, criador de Pitfall! (1982) e Decathlon (1983), e ainda com Segata Sanshiro, garoto-propaganda do sistema Saturn, da Sega.
A capa estampa o jogo Moonwalker (1990), que tinha Michael Jackson no papel protagonista.
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A edição traz um pôster de Super Mario Bros (1987), para NES, da Nintendo. E não parará nisso não. Makotron, conhecido ilustrador da editora, já está desenhando (melhor dizendo, já está restaurando) uma coleção chamada "Grandes Capas", que reconstruirá com fidelidade as capas de jogos clássicos. Super Mario Bros é apenas o primeiro de uma leva.
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Resta saber se o público consumidor de videogames, hoje bem mais amadurecido mesmo no Brasil, quer consumir a informação histórica sobre a cultura dos videogames.
Segata Sanshiro é um personagem que faz paródia de Sugata Sanshiro, lutador de judô real, protagonista do filme A Saga do Judô (1943), do cineasta japonês Akira Kurosawa.
Segata, o dos videogames, era uma espécie transloucada e japonesa de Chuck Norris
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À frente da redação, dois veteranos (dois novatos não serveriam, certo?!) da editoria gamística: Fábio Santana (aka Fabão) e Humberto Martinez, editores da Edge e da Dicas & Truques para PlayStation, respectivamente.
E tive a felicidade de entrevistá-los e saber mais sobre a revista.
Confira!
Darius Roos: Por que a Old!Gamer não saiu em maio, como previsto inicialmente?
Humberto Martinez: Subestimamos nosso amor pelo tema. Pensamos, produzimos e, ao finalizar, achamos que muita coisa poderia melhorar... E começamos tudo de novo. Pode notar que algumas matérias citadas na capa antiga cairam (veja abaixo capa da edição #0, exclusiva deste blog). Adicionamos novas reportagens e guardamos outras. Também resolvemos ajustar o projeto gráfico e melhorar tudo que tinha potencial. Nós somos chatos e nunca ficamos satisfeitos, essa é a verdade. Também é verdade que a redação da Old!Gamer é uma miscelânea das outras publicações da editora, então o dia-a-dia das outras revistas atrapalhou um pouco.
Edição #0: Street Fighter 2 era destaque do protótipo da revista
...É verdade, além do cotidiano editorial paralelo, a editora Europa ainda lançou a versão brasileira da Edge, publicação britânica especializada em videogames, talvez a mais respeitada do Ocidente.
DR: O que mais lhe deu prazer na publicação?
HM: Adorei o editorial de apresentação. Ele é um tanto diferenciado, divertido e retrô. ^^
DR: Vocês devem usar programas emuladores (que simulam aparelhos de videogames no PC) para rodar os títulos mais antigos. Ou vocês conseguiram modelos dos velhos videogames?
HM: Olha, ainda durante a criação da O!G tivemos de conseguir muito material para nossa pesquisa. Juntamos coleções de várias pessoas da equipe e criamos uma bela biblioteca de revistas nacionais e importadas.
Ir atrás dos aparelhos foi engraçado. Muita gente da editora, inclusive de redações que não tem nada a ver com videogame, ofereceu seus aparelhos de coleção. É como se existisse uma aura dizendo: "seus videogames estarão mais seguros aqui do que em sua casa, na mira da sua esposa/mãe". Montamos um museu razoável de videogames e tentamos fazer uso deles, evitando os emuladores... Até para ter aquela sensação verdadeira de como era jogar no velho aparelho, sentir suas qualidades e limitações. Mas obviamente usamos emuladores, que são muito úteis para capturar imagens com a qualidade necessária para fazer uma revista bonita e também para jogar títulos "impossíveis" de serem encontrados atualmente.
DR: Qual seu jogo velho... quer dizer, seu jogo clássico preferido?
HM: Rsss... Meu jogo favorito ainda é Super Mario Kart (1992), SNES. Vou pentelhar até o limite e um dia ainda teremos uma capa da O!G com uma bela tartaruga vermelha acertando a cabeça do Bowser.
DR: E esse negócio de ter um pôster?
HM: A idéia é ter um pôster por edição. O Makotron, ilustrador aqui da editora, é o restaurador. Escolhemos um título, e o primeiro tinha de ser Super Mario Bros, clássico dos clássicos. O Makotron pega a ilustração, o desenho original da caixa, e restaura. Queremos a coisa antiga, como a original... Mas na O!G isso vira pôster, item para colecionador.
DR: Lembrei de Mario Kart. Eu acho que a primeira é a melhor de todas as versões.
HM: Sim! E os adversários tinham poderes próprios e usavam como se fossem infinitos, eu curtia (apesar de passar muita raiva).
DR: Eu curtia jogar com o Koopa Troopa. Nas 150 cilindradas, ninguém me vencia.
HM: Vamos marcar um "contra". Seria legal reviver alguns jogos.
DR: Pode ser... Mas, falando em reviver jogos, cada vez mais surgem versões repaginadas, revivals como Bionic Commando ou mesmo extensões como Metal Gear Solid e as muitas linhas de Final Fantasy.
E se o caminho fosse ao contrário? Qual jogo do presente vocês levariam para o Atari ououtro velho sistema de videogame?
HM: Um "demake"? Cara, adoraria jogar Shadow of the Colossus com estilo "atariano". Imagine aqueles monstrengos gigantes pixelizados, seria arte!
Fábio Santana (que tinha saído para comprar comida durante a entrevista :P): seria interessante a Capcom fazer o Okami (2006) inteiro para o sistema de videogame NES, da Nintendo. No site japonês do estúdio eles fizeram uma brincadeira e na trilha sonora do jogo há uma faixa inteiramente em chiptune (*). Dá uma vontade de curtir o jogo inteiro no estilo 8 bit.
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Okami: título de geração avançada ganhou minijogo inspirado em geração retrô
Okami em 8 bit?Visite o site japonês do estúdio Capcom e clique na versão pixelizada (a de visual bem, bem simples) de Amaterasu. Para conferir a faixa com sons de sistemas videogames antigos, prefira o YouTube e assista ao vídeo.chiptune (*): é uma melodia que utiliza sons e efeitos sonoros sintetizados por um sistema de computador ou videogame. Embora não seja uma regra ou exigência, popularmente chama-se chiptune qualquer música que remeta às trilhas sonoras comuns à geração 16 bits ou às gerações anteriores, quando em disco compacto (CD, DVD ou equivalente) não era comum.
Tenho uma pergunta p Humberto: Sem querer ser chato, + usar emuladores naum pode vir a trazer problemas c/ direitos autorais, tipo, eles estão publicando imagens obtidas a partir de roms, e sendo um produto, complica alguma coisa issu?
ResponderExcluirTodo mundo tem emuladores e roms em casa, mas sendo uma publicação, dá treta issu?